Fã que sou de Ariano Suassuna, não pude deixar esta pérola sem fazer qualquer comentário.
Ariano Suassuna é um dos maiores intelectuais brasileiros da atualidade, e estuda a cultura popular brasileira (em particular a nordestina). Ele tem conseguido ligar a cultura popular dos folhetos do romanceiro do Nordeste com a cultura popular renascentista que fora trazida pelos colonizadores. Além dos europeus, a influência Moura (norte da África) também é levada em conta.
Devido a um isolamento geográfico, que só há bem pouco tempo deixou de existir, o Nordeste brasileiro guarda relíquias culturais que já desapareceram em outras partes do Brasil e tampouco são encontradas na Europa ou norte da África. Particularmente, conheço expressões (bem poucas, verdade seja dita) faladas por pessoas que convivi e que soam como outro idioma se usar com qualquer brasileiro “atualizado”. Exemplo? Você já “espapaiou uma catenga azunindo um azogue?”
Desta forma, Ariano criou (junto com outros intelectuais) o movimento armorial. Este movimento define as “armas” de um povo como o conjunto de suas culturas, e tem como objetivo formular (ou reformular) uma arte erudita nacional e popular.
No vídeo acima, Ariano fala sobre uma tentativa frustrada (ainda bem) de conversão que alguém tentou sobre ele. Pelo tema da conversa, imagino que fora um físico a ilustre figura que, sem-noção, fora a casa de Ariano tentar mostrar o que era moda e de “qualidade”. Em outras palavras, foi uma tentativa malograda em “atualizar” uma das mais ilustres personalidades na área de cultura popular.
Numa tentativa de explicar o tema do vídeo: Rutherford e Bohr foram dois físicos do início do século XX, e ajudaram a modelar a então recém-criada teoria da mecânica quântica. O cavalo morto que Ariano cantarolou, muito possivelmente, trata-se do gato de Schrödinger. Agora, “em redor do buraco tudo é beira” não consegui decifrar a origem científica para tamanha preciosidade. Fico devendo essa.
Comenta-se que Ariano, bem-humorado que é, adorou a montagem deste vídeo. De qualquer forma, o físico, desmiolado e pregador de novas doutrinas, ajudou (tendo Ariano como porta-voz) a criar um dos maiores hits da internet e a divulgar os nomes de Rutherford e Bohr, mesmo que associados a um cavalo morto e à beira de um buraco.
Tags: Ariano Suassuna, Bohr, Quântica, Renascimento, Romanceiros do Nordeste, Rutherford
julho 25, 2009 às 11:03 |
Estava cá pensando no significado do “ao redor do buraco tudo é beira”. Será que o cidadão não se referia a um buraco negro, horizonte de eventos e ideias afins?
julho 25, 2009 às 11:10 |
Boa!! Não tinha me dado conta! Agora fechou!
Deve ter sido isso mesmo!!! 😀
julho 25, 2009 às 14:43 |
Cara muito bom!
Esse cara é genial !
PS: Só como curiosidade (pouco importante) dei uma googada rápida e o Bohr é dinamarques e o Rutherford neozelandês (novidade pra mim).
julho 25, 2009 às 14:51 |
É verdade, o Ariano comentou (meio na dúvida) que eram alemães… 😀
julho 31, 2014 às 12:22 |
O mote da canção era o modelo atômico em que um átomo é um grande vazio, tendo um núcelo pequenino e alguns eletrons girando em volta dele. S ó ue você nunca sabe direito onde os elétrons estão, então “ao redor do buraco tudo é beira”.
junho 19, 2017 às 12:24 |
Sou fã de Ariano Suassuna, meu conterrâneo Thiago de Mello e meu amazonas que me perdoem mais nosso maior pensador sempre será Ariano. Me espoquei de tanto rir no programa do Bial, quanto a essa situação havia me passado desapercebido, esse fato agora antológico porque não dizer marcante na vida de nosso gênio maior das letras, seu humor foi tão marcante quanto a sua paciência.