David Jamieson, físico da Universidade de Melbourne, afirma que Galileu Galilei é o verdadeiro autor da descoberta do planeta Netuno.
Já é sabido que Galileu Galilei observou o que conhecemos por Netuno no fim de 1612, mas que achou que se tratava de uma simples estrela, e portanto, o planeta passou-lhe despercebido.
Jamieson andou estudando as anotações de Galileu e afirma que descobriu provas substanciais da descoberta de Netuno por parte de Galileu. Para Jamieson, Galileu não deixou esta oportunidade escapar e, sim, deu-se conta de que na verdade aquela estrela movia-se como um planeta. Isto ainda em 1613!
Galileu, que era um defensor do sistema heliocêntrico de Copérnico, sempre fazia esboços de suas observações. Interessante que em um de seus rascunhos há um dado ponto próximo de Júpiter, seu foco principal de investigação. Esse ponto não está em nenhum catálogo estelar moderno (porque se move!) e isso levou a suspeitas sobre sua existência. Por meio de simulações computacionais, foi possível analisar onde estava Netuno no momento em que Galileu fizera suas observações, e que foram retratadas em seus esboços. Os resultados indicaram que o ponto em questão era mesmo Netuno.
“Na noite de 28 de janeiro de 1613, Galileu escreveu em seus rascunhos que uma estrela (que agora sabemos que se trata de Netuno) moveu-se com relação a uma outra estrela em sua vizinhança”, afirmou Jamieson à space.com. Ou seja, a mobilidade foi percebida sim!
Aparentemente, Galileu não fez divulgar seus estudos. Mais do que isso, devido às limitações nos conhecimentos astronômicos da época, afirmar a descoberta de um novo planeta (que mal se sabia o que eram, além de objetos luminosos no céu e com movimentos errantes) seria esperar demais.
Mas Jamieson vai além e afirma que há rascunhos, anteriores ao de 28 de janeiro de 1613, com indicações de que Galileu voltou a eles numa aparente tentativa de rever as posições anteriores do ponto observado em 28 de janeiro, em uma tentativa de achar onde estaria o, recém-descoberto, corpo movente em noites anteriores. Segundo Jamieson, um forte indicativo de que Galileu suspeitava de que se tratava de um novo corpo que girava em torno do Sol, como os demais planetas até então conhecidos.
O que a história tradicional nos ensina é que a autoria da previsão da existência de Netuno ainda é motivo de debates. Antes mesmo de uma prova matemática de sua existência, Alexis Bouvard, em 1821, supôs que deveria haver um outro planeta além de Urano ao constatar desvios não-previstos na órbita deste. Acabou abandonando a ideia após descrédito por parte da comunidade científica.
Matematicamente, Netuno foi previsto em 1843 por John Couch Adams que realizou cálculos para explicar os desvios encontrados nos dados de Urano associando tais desvios à influência de um outro planeta. E, entre 1845 e 1846, Urbain Le Verrier, de forma independente de Adams, também realizou cálculos que o levaram a prever um oitavo planeta.
Com bases matemáticas para sua existência, a caça ao oitavo planeta foi aberta e Netuno foi descoberto, e posteriormente notificado, em 23 de setembro 1846 por Johann Gottfried Galle.
Cada ano que passa, Galileu ainda nos surpreende. Se a veracidade desta história se confirmar, ela implicará que Galileu observou Netuno antes mesmo da descoberta de Urano (1781).