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Pesquisa Pós-Graduação – Resultados (parte 1)

junho 23, 2010

Para aqueles que notaram alguma lentidão nos serviços do google nos últimos dias, peço desculpas.  Foram tantos acessos ao formulário que os servidores do referido sítio ficaram sobrecarregados. E não é para menos: dos 21 bilhões de leitores do blog, uma fração considerável de 0,0000001% preencheu o formulário. Fazendo a famigerada regra de três temos que o conjunto universo contem um embasbacante número:  21 milhões de pessoas. Achei melhor dividir os resultados em 2 posts, para não ficar muito mais chato de ler.

(De fato, uma pesquisa enviesada como esta não pode dizer muita coisa sobre a pós-graduação em geral. É quase a mesma coisa que dizer que o resultado de  uma pesquisa eleitoral feita dentro da Daslu às 14h de uma terça-feira representa a opinião de todo o município de São Paulo – se bem que existem pessoas – e institutos de pesquisa! – que acham que isso é verdade… MAS… vamos aos resultados.)

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Área:

  • Exatas: 76%
  • Biológicas/Saúde: 14%
  • Humanas: 10%

Será que o blog precisa de um apelo mais “humano”? (péssima piada)

Tipo de Instituição:

  • Pública: 90%
  • Privada: 10%

Nesse ponto não existe nenhuma anormalidade (eu acho). Nos 10% em instituições privadas (2 pessoas) 1 é da área de bio e outra de exatas.

Conceito

  • CAPES:
  1. 7: 62%
  2. 6: 14%
  3. 5: 10%
  4. 4: 0%
  5. 3: 5%
  • Pessoal:
  1. 7: 10%
  2. 6: 24%
  3. 5: 48%
  4. 4: 10%
  5. 3: 10%

Aqui é interessante ressaltar o deslocamento do conceito atribuído pela CAPES e do atribuído pelos alunos. “Aparentemente” o conceito não reflete a opinião dos alunos (hahaha). 62% dos programas tem nota 7 segundo a CAPES, e apenas 10% dos alunos deram nota 7. Outro ponto é  que o conceito pessoal dos alunos das instituições privadas foram consistentes com os da CAPES. Já para as públicas, a maioria não concorda (todos mais baixos, é claro).

Na minha opinião, algumas vezes o programa se preocupa muito em manter o conceito CAPES (que, dependendo da nota, está atrelado a maiores auxílios para equipamento, participação em reuniões no exterior…) e deixa a peteca cair em outros aspectos. Muitas vezes o conceito A que o aluno recebe na disciplina não reflete necessariamente a qualidade do curso, e sim um interesse em colocar que “a maioria dos alunos tiveram conceito A – olha como nosso programa é bom!” no relatório da CAPES.

Mestrado:

A maioria (72%) com bolsa, sendo que as bolsas estão quase igualmente distribuídas entre FAP’s, CNPq e CAPES (90% destas recebidas durante 24 meses). Já para o tempo de titulação, 60% terminaram em até 24 meses, 30% em até 30 meses (todos da área de exatas) e 5% em até 36 meses. Os 5% restantes (1 pessoa) fez em mais de 36 meses (sem bolsa por todo o período). Não existe nenhuma tendência do tempo de titulação com a agência financiadora. Existe uma discussão (pelo menos aqui no IAG) sobre essa pressão de terminar um mestrado em 24 meses custe o que custar. Isso as vezes prejudica o aluno, que tem exame de proficiência, disciplinas, atividades de monitoria e relatórios semestrais para entregar. Mas, novamente entra um pouco aquela pressão de manter a vitrine do programa sempre bem apresentada.

Doutorado:

No caso do doutorado a situação muda um pouco: as FAP’s representam quase 80% das bolsas concedidas, deixando os outros ~20% para o CNPq. Nesse caso, as duas bolsas possuem reserva técnica, mas eu poderia ter perguntado como o pessoal dos programas sem PROEX e PROAP (em poucas palavras: dinheiro para participação de estudantes em congressos e etc.) se vira para pagar viagens para congressos e estágios quando a reserva acaba. Ainda na questão das bolsas, 30% fizeram o doutorado sem auxílio, 20% com 36 meses de bolsa (todos de FAP’s) e 50% com 48 meses de bolsa.

Do pessoal que recebeu 36 meses, metade terminou de fato em 36 meses e a outra metade em 48 meses. Isso é um problema, porque essas pessoas, além da pressão (do programa, do orientador…) de terminar logo a tese, ainda tem que se virar durante 1 ano para pagar as contas sem bolsa. Para o pessoal que recebeu 48 meses, 80% terminou a tese junto com a bolsa, e 20% ficaram até 60 meses.

Doutorado Direto:

Infelizmente nessa parte não tem muito para escrever, já que só 2 pessoas responderam: uma delas recebeu bolsa do CNPq por 60 meses e terminou a tese no mesmo período e outra fez em 48 meses sem bolsa.

Comentários/Sugestões:

Sem dúvida a parte mais estimulante da pesquisa. Dois comentários foram feitos:

  • “Instituição de mestrado: Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas.”
  • “Pudim, vc é gay.”

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Na parte 2 dos resultados eu comento sobre as auto avaliações, avaliações dos orientadores e preparação pedagógica. Obrigado aos que responderam!

Antes de terminar gostaria de compartilhar uma dúvida com essa questão de precisar de mais tempo para terminar a pós-graduação sem receber bolsa. Qual será o principal fator que influencia na extensão do prazo? Falta de interação com o orientador? Procrastinação em excesso? Projeto de pesquisa mal dimensionado? Muitas atividades (exigidas pelo programa) além da tese? Bom, pelo menos aqui no IAG o exame de qualificação toma muito tempo. Será que essa pressão para terminar um doutorado entre 36 e 48 meses gera trabalhos de qualidade? Comentários são muito bem-vindos!