
Bandeira do Brasil
Como hoje é sete de setembro e, portanto, aniversário da Independência do Brasil, não há melhor momento para se discutir a respeito das estrelas presentes na Bandeira Nacional.
A Bandeira do Brasil foi adotada pelo decreto número 4 de 19 de novembro de 1889. Este decreto foi preparado por Benjamin Constant, membro do Governo Provisório e seguidor das ideias progressistas de Augusto Comte. Foi Benjamin Constant quem sugeriu a expressão progressista “Ordem e Progresso” que ainda hoje está presente na bandeira brasileira.
Diferentemente do que se ensina por aí, as cores de nossa bandeira não representam nossas matas (o verde), nossas riquezas (o amarelo) e por aí em diante. Na verdade, elas representam as famílias às quais nossa monarquia estava ligada. O verde está associado à casa real de Bragança, da qual fazia parte o imperador D. Pedro I, e o amarelo à casa real dos Habsburgos, à qual pertencia a imperatriz D. Leopoldina.
O círculo azul central corresponde a uma representação da esfera celeste, inclinada segundo a latitude da cidade do Rio de Janeiro às 12 horas siderais (8 horas e 30 minutos) do dia 15 de novembro de 1889. Ou seja, é uma representação de como estaria o céu no dia e horário em que fora proclamada a República. Note que a proclamação ocorreu durante o dia e o céu lá estampado é uma representação sem a luz intensa do Sol. De fato, mesmo durante o dia as estrelas estão no céu, só não as vemos devido à intensa luz solar, ajudada pela atmosfera que espalha essa luz (tornando o céu azulado).
A faixa branca por si só não representa nada. Alguns argumentam que seja a eclíptica ou o equador celeste, mas nada mais é do que uma simples faixa cuja finalidade é exibir o lema positivista.
Sabendo que se trata de uma representação do céu, as estrelas representam algo? A resposta é sim!
Cada estrela representa um estado da Federação. Na figura abaixo há uma indicação bem clara de quem é quem. Note que a estrela acima da faixa branca não é o Distrito Federal, como supõem alguns. Na verdade a estrela acima da faixa branca é o que hoje conhecemos como Estado do Pará. Na época em que a bandeira foi apresentada existia a província do Grão-Pará, que estava prosperando bastante, trazendo fortuna para a Nação. Representa, portanto, uma estrela ao norte!
O artifício de se colocar elementos celestiais em bandeiras nacionais não é privilégio brasileiro. Na bandeira dos Estados Unidos são cinquenta estrelas dispostas de forma sequencial, onde cada uma também representa um estado da federação. Na bandeira chilena há uma estrela. Nas bandeiras argentina e uruguaia há o Sol. Nas bandeiras australiana e neozelandesa há o Cruzeiro do Sul. E assim por diante.
Carl Sagan comenta este fato em seu famoso livro Cosmos. A presença destes elementos celestiais simboliza a eternidade dos céus presentes na pátria de quem criou a bandeira. Como poder atemporal, os céus sempre foram utilizados como símbolos de poder de povos, reis e nações. E mesmo nos dias atuais, a coisa não é diferente.